domingo, 6 de maio de 2007

"Momentos antes do suspiro"


O telefone toca, insiste uma, duas, três vezes,
eu corro para atender, pensando que é ela,
estou ansioso, meu coração dispara, enlouquece.
Há tempos sonhava escutar novamente sua voz,
lembrar dos velhos sussurros ao pé do ouvido.

Ela, que está longe,estaria agora tão perto de mim,
o percurso para chegar ao telefone parece não ter fim,
cada toque dura uma eternidade, a saudade, porém, me cansa.
O seu beijo, sim, a lembrança de seu beijo me consome,
os seus apertos e abraços ainda me sufocam; o seu calor, atordoa.

Eu, feito criança, penso em chegar junto, nervoso, temeroso,
lembro da primeira vez que nos vimos, ela, ali, encantadora.
Minhas mãos repousam agora sobre o telefone, logo penso:
"Será que ela tem alguma surpresa ou apenas quer se distrair?"

Alguns segundos pareciam horas sem fim, eternos.
Eis aí a magia do cotidiano: pequenos fatos, aparentemente,
porém cheios de ilusões, tornam-se universais e derradeiros.
O canto do sabiá também pode soar como uma serena balada.

Nenhum comentário: