sábado, 21 de abril de 2007

"Enquanto isso em um parque qualquer..."

Um banco, nos campos do parque, não é um simples banco,
não é só um amontoado de madeira, ele representa algo mais.
Pode ser o lugar preferido de alguem ler um livro
ou um belo local para assistir ao derradeiro por-do-sol.

Sim, tenho certeza, esse banco foi cúmplice,
cúmplice de uma longa conversa sobre política,
na qual seus interlocutores discutiam a revolução,
esses também falavam sobre melhores dias que estão por vir.
Pode, ainda, ter sido uma simples conversa sobre mulheres,
analisando seus trejeitos, seus modos únicos de vir-a-ser,
a importância dessas existirem, afinal sem elas não existiria
[o homem.

Tal banco presenciou, também, falações enamoradas
entre cúmplices de um mesmo amor, que ficaram,
se prolongaram por toda tarde em um chamego gostoso,
de sussurros e abraços, de apertos e beijos.
Para o banco, e para os amantes, o tempo, ali,
com toda sua pressa de existir, se arrastava pela eternidade.

Mas se você pensar que naquele parque não há somente um banco,
e sim dezenas de bancos, percebemos a multiplicidade,
a riqueza, de conflitos, de reações, de existências no mundo.
Embaixo de cada àrvore daqueles campos, novas melodias, únicas,
eram compostas, novos versos eram escritos, ou ainda mais:
novos amores e novas maneiras de ver o mundo surgiam.

Um comentário:

Anônimo disse...

(eis que, com anuência, prossigo)

vislumbro um triste lugar vazio à sombra de algo provavelmente imaterial... ao longe, o lamento dos que choram a partida dos que nunca chegariam a encontrar.
Somos, pois, um suceder irrequieto de (des)encontros frustrados em um alento de alienação e medo(?)
Sobremaneira assustam-me as despedidas. o testemunho poucas silencioso dos vários que insistem em simular chegadas mal sucedidas.
Que ímpeto egóico conduz o homem à dor em razão de partidas nunca ocorridas? ou - qual o sentido que impregna as lágrimas dos que dantes mais choravam por presenças pouco desejas?
Visceralmente seres fartos de sensibilidade...talvez a hipocrisia disfarçada dos que temem a solidão,ou, a impudica autocomiseração que vez por outra revolve nosso desejo por olhares, ainda que piedosos.
bancos vários guardam em si - semelhantemente - angústias múltiplas daqueles que insistiram na ilusão da falta de algo dantes nunca tido e o sal da lágrima derradeira dos muitos incapazes de tornar hialina a outrem a dor que atormentava suas almas.
Ó humanidade de extremos! quantos insistem em transparecer a amargura sádica que os aflige ao passo que outros murcham diante da constatação de um sentir visceral!
Como temo os que temem a si... o encarceramento inevitável; a alienação pungente. Não falemos dos Narcisos mais que disseminados, orgulhosamente propagados pelo sistema de plástico.
Antes, olhemos para aqueles que, em vão, almejam a dissimular a humanidade que lhes resta. Os que estão fatigados de sentir. chorar cansa, pensar enlouquece, dormir custa. É inevitável, porém, olhar com sentidos ansiosos por perceberem... tanto e tudo!
Do caos da fuga mal realizada remanece o desejo - sim, ele é a ponte entre os olhos mal cerrados e a luz que insiste em penetrar o ver entreaberto.
Paulatinamente, redespertamos para a magia do(a)- falta de - sentido. Identidade,reflexo?semelhanças bastam.
e insistimos na luta com e pela vida, cantos e lágrimas.
Custoso é perceber.Poder ser humano.Ser.Humano.

(e outros bancos restam ao abandono, e outras vidas cruzam-se à sombra da luz dos encontros)