Estou perdido em trevas de pensamento,
algo confuso a minha pessoa, ao meu ser,
tão errante em uma vida convencionada real,
dita por alguns ideal, ou melhor, rica de prazeres.
Perdido em um som delirante, emito opiniões,
saberes desnecessários a uma pessoa qualquer.
Queria ser alguem simples, sem complicações,
ou até vazio, mas nao, sou complicado por natureza.
Tenho paixoes, emoções, convenções de sentimento,
estes ditos ideais, em vez de reais ou materias.
O ser nao é uma questão metáfisica, porém uma paixão,
uma necessidade de se encontrar no vazio desse meio,
tão físico ou real, depende de sua opinião ou melodia.
Ventos veludos, uivantes, cantantes, cativantes,
enfim, sofridos, frutos de um alma perdida, sem porto,
sem algo que se segure, somente o ébrio da noite eterna.
Estes vagam pelo infinito da existência dos senhores,
que mais uma vez tambem estão perdidos em aparências.
Eis uma sabiá a voar, perdido na imensidão da realidade,
já confundida por alguns em virtual ou imaginária.
Imagens essas impostas ao meu ser, contudo não aceitas,
uma vez que em meu silêncio grito na escuridão vazia:
as flores da aparência ainda murcharão, ainda morrerão
diante da luz forte dos espíritos que se libertam,
tal liberdade ainda aflita, mas já certeira.
Não tenhas medo deste poeta impulsivo, confuso,
ou melhor, pós-moderno, ainda no real derradeiro.
As trevas transformaram-se em luz, ja que o novo,
ultrapassando o velho tão conservado, sempre vem,
vem comum a todos, amarelos, azuis, vermelhos,roxos,
de todas as melodias loucas do movimento velado.
Esse movimento é interativo, é contestado, é ,assim,
imoral, utópico, de todos os modos prevalece vivente.
Um comentário:
(Sem aguardar,todavia, pela anuência)
Por tantas grita a carência de prumo. Seres confusamente (des)norteados, mas... quem aponta para o norte é capaz de determiná-lo? A crise de referenciais é de tal maneira angustiante que conduz a humanidade à sucessiva criação de axiomas. É pungente o desespero dos que questionam as direções, posto que estamos sempre a partir de (pre)supostos. O que são ideais além de pontos de partida e/ou de chegada? Provavelmente são a essência mesma da seta, a matéria do caminho.
Ignorar origens é, no mínimo, olvidar as convergências capazes de nos unir. Não obstante ser marcado por incertezas, o foco paradoxalemente é um dos parcos meios capazes de ampliar horizontes limitando-os.
O Marco Zero de tudo. (onde começou?) uma aparente regressão ad infinitum; em verdade, porém, apenas mais uam maneira de pensar o mundo...
Diante da incerteza a busca pela relativização representa por vezes mais uma alternativa medíocre a qual se agarram os que persistem na alienação. (sem juízos axiológicos, perdão - apenas mais um caminho).
Somos mais. Podemos conduzir a dúvida à multiplicidade; a visão a diversos olhares; o néscio à consciência da sadia ignorância; o provinciano ao cosmopolitismo; o reacionário à liberdade do ousar.
Sim. Somos umbigos. Estamos a convergir uns para os outros em uma incessante e infinitamente bela busca. Há portos e horizontes. Não existe escolha entre eles.Aqui, chegar também é partir. Precisamos sair de nós para percebermos o inexplicável feitiço de nos encontrarmos no outro. Esse é nosso referencial.
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