(Em homenagem ao companheiro Denis, que me encomendou essas linhas, em uma de nossas jornadas pelas noites suburbanas.)Ai de ti que me olhas com esses olhos de cão manco,
não te achas em nenhuma das faces as quais te observam,
perdido vagas pela noite, errante, sem destino, sem esperança.
Não sabes onde estais, se existes, apenas vives dia após dia.
Vejo fumaça diante de mim, parecem cobras a dançar,
uma dança louca, uma dança convitativa ao turpor.
Essa fumaça sai de mim, sai de ti, sai de nós,
como companheiros da noite, entretemo-nos em liberar cobras.
O barulho do bar não nos deixa libertar nossas mentes,
apenas existem olhos a observar, cães a latir.
Ai de nós que perdemos nosso tempo em soluçar bobagens,
porém são bobagens de uma vida boba, uma morte e vida viciada.
É, admito, cada momento é único, cada fumaça é única.
Logo, passar a noite entorpecido pelas ruas é único,
são locuras para ti, um homem careta, mas para mim,
um simples louco errante, é a arte de viver,
é a tragédia que é viver; e essa tragédia tão louca,
que de tanto amor, ela fere e cansa.
