segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

" Versos de uma noite sem luar"


Eu grito; acho, porém, que ninguem os esculta,
me vejo mergulhado em um mar de trevas,
estou em meio a escuridão,
há uma luz lá no alto, mas está longe.
Os ecos do meu grito, são fracos,
mais parecem um choro de recem-nascido,
não sabem porque existem.

Escuto outras vozes, outros ruídos, outros suspiros,
não os entendo, parecem abafados por um vento sufocante.
De repente um estrondo, um estalo, uma voz lá longe,
não é nada, apenas outras vidas perdidas na noite.

Todo poeta, antes de tudo, é um fingidor,
finge dores, angustias, alegrias, desesperos
que até pode sentir, contudo tu que escutas,
não sentes, não ves, apenas ver a palavra, o simbolo,
que está ali carregando aquela ideia, aquele sentimento.

Libertai-vos espiritos livres, usem de sua juventude,
esqueçam a noite, os gritos, as vozes, os susurros.
Busquem a liberdade, não a liberdade dos presos,
dos imbecis, dos puros, mas a liberdade do existir,
a liberdade independente da essência ou das imagens.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

"Vozes"



Nada irá calar minha voz !!
Voz que vem sem avisar, voz que me mostra,
voz da inspiração, voz do meu interior.
Ela entoa pelo ar como o canto dos passaros,
bela, límpida, perfeita, ao cantar a vida.

Não! não estou aqui para ficar passivo, calado,
estou aqui para cantar tudo o que me rodeia,
tudo o que me cerca, com todas suas imperfeições,
com toda sua beleza de existir, mesmo que o existir
signifique ser imperfeito, errado, exagerado.

Outras vozes tem o direito de também cantar,
umas entoam cantos desesperados, amordaçados,
cantos sombrios de angústia e desprazer com a vida;
já outros, que também percebem como o mundo está
[em crise,
não entram em crise, não querem fugir dele,
mas sim cantam a sua mudança, a sua superação.
Cantam, sim, o novo, o que está por vir.

Vozes que gritam, vozes que calam, vozes que são caladas,
vozes que sentem, vozes que iludem, vozes que mudam,
vozes que cantam o antigo, vozes que trazem o novo,
mesmo que o novo não seje bom para todos.
O mundo está repleto de vozes, mas até quando todas elas
estaram em desarmonia, umas mais altas que outras??

domingo, 11 de fevereiro de 2007

Prólogo (ainda sussurros, contudo já ruidosos)


Venho aqui a este local deixar marcas do meu vir-a-ser, das minhas ideias, dos meus ideais, leituras de um mundo em crise, um mundo sem identidade, um mundo em seu explendor, um mundo em epopeias - PRESTO!!

Começo minha longa jornada com alguns relatos de um cotidiano - para alguns normal - porém com suas fantasias, com toda sua magia, tão cheio de aparências. Tento, no entanto, tirar a essência das coisas, busco aquilo que está por trás das imagens. É uma aventura metafísica, eu sei, posso ser criticado por alguns materialistas os quais pensam que a realidade está ai nua e crua como se percebe com os sentidos.

Calma, caros camaradas, não sou um pessimista, nem quero fugir do real, luto também por uma "filosofia da praxis", vivo-o a cada dia, em uma intensa dialética . Sim, eu acredito na construção de uma sociedade melhor, mais justa, sem a ditadura do capital e das mercadorias, superando suas contradições; luto, pois, por isso - tornar derradeira essa sociedade de espetáculos, acabar com a hegemonia do "eu" e transformá-lo em ''nós''. A revolução, porém, inicia-se dentro de cada de nós, não é algo exterior, afastado e alheio, ela não necessita de líderes ou herois - isso é para os bobos que prescisam de mitos pra se inspirar - prescisa de vontade para mudar, de varias vozes reunidas em um mesmo canto comum, mesmo que em notas diferentes - e não reformar - já que nada é eterno, imutavel, a mudança sempre vem, pois a vida é uma roda-viva e leva a saudade pra lá ... e o mundo rouda em um instante, nas voltas de um pião .

Desse modo termino aqui essa breve introdução, espero que, aos poucos, outros sabiás - que apenas ainda assoviam, mas que sabem também entoar belos cantos - se reunam a este ainda sozinho, recém desgarrado, já que, um dia, os galhos da árvore iram se romper e uma imensa revoada tomará os ceus desse mundo a ponto de bloquear o sol, escurecendo o dia (pelo menos o que se acha que é dia) e aí, caro camarada, ecoará pelos ceus um canto-conjunto, que pela pluralidade se tornará uno, este terá a harmonia de uma bela sinfônia feita a dedo e suor, com o trabalho de cada dia.